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O acido úrico vai muito além da gota

Quando se pensa em ácido úrico de sobra, logo vêm à mente problemas um tanto dolorosos. Primeiro a gota, aquela inflamação danada nas juntas. Depois as pedras nos rins – sim, uma porcentagem dos casos se deve ao acúmulo de cristais de ácido úrico por lá. Só que essa sobrecarga também está ligada a encrencas bem mais silenciosas, dessas que demoram anos a mostrar as caras. Embora a discussão exista há alguns anos, tem nova lenha na fogueira que associa o excesso de ácido úrico a doenças cardiovasculares.

A ponto de uma análise conduzida por um time internacional de pesquisadores e publicada no European Journal of Internal Medicine questionar se a substância não teria um papel protagonista na síndrome metabólica, conjunto de fatores propícios a danos nas artérias, como colesterol alto, hipertensão e obesidade.

Mas, antes de apontar o dedo para o ácido úrico, convém entender de onde e a que vem esse elemento. O dito-cujo nasce naturalmente no organismo: quando as células se degradam, seu material genético dá origem a purinas, moléculas que, para serem eliminadas, são convertidas em ácido úrico – a tal purina também é encontrada em alimentos de origem animal, como carne vermelha e frutos do mar. O ácido úrico é excretado pela urina e as complicações começam a surgir quando o corpo produz de mais ou se livra de menos dele.

O debate sobre a sua participação no complô contra o coração ainda é cercado de perguntas e ponderações. A endocrinologista Maria Teresa Zanella, vice-presidente do Departamento de Dislipidemia e Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, não o vê como o vilão da história. “A questão é que ele está associado à obesidade, e obesos costumam ter resistência à insulina, condição que atrapalha sua excreção”, explica. A médica acredita que devemos levar em consideração uma rede de fatores interligados. 

A nefrolologista Frida Plavnik, diretora científica da Sociedade Brasileira de Hipertensão, também prefere tirar a substância dos holofotes: “O ácido úrico é um marcador da síndrome metabólica”. Ou seja, sua presença indica, na verdade, que há uma profusão de coisas indesejadas acontecendo para o azar das artérias.

O fato é que ainda não se sabe quão diretamente a alta no ácido úrico pesa contra os vasos. Nessa linha, uma revisão de estudos chinesa concluiu que a sobrecarga aumenta o risco de esteatose hepática, o depósito de gordura no fígado – outro patrocinador de problemas cardiovasculares. “Em excesso, a molécula pode atrapalhar o balanço de gordura no organismo, alterando os níveis de triglicérides e propiciando o acúmulo de gordura nesse órgão”, faz a relação o reumatologista Ricardo Fuller, chefe do Grupo de Gota do Hospital das Clínicas de São Paulo.

O médico Geraldo Castelar, presidente da Comissão de Gota da Sociedade Brasileira de Reumatologia, conta que existem algumas teorias mais amplas para justificar o elo entre o ácido úrico alto e reveses na circulação. E isso vale especialmente para aqueles sujeitos que já sofrem com a gota. “Se o ácido úrico está descontrolado, a pessoa continua sofrendo de inflamações de baixo grau, mesmo que não esteja no período de crise. E isso é um fator de risco cardiovascular”, esclarece. “Também se especula que a substância tenha um efeito tóxico na parede das artérias, o que contribuiria para a agregação de placas ali”, completa o raciocínio. Por fim, sabe-se que a molécula ainda instiga a retenção de sódio e, com isso, faz elevar a pressão arterial.

É claro que não devemos responsabilizar só o ácido úrico pela má sorte dos vasos. Mas é bom não perdê-lo de vista e, quando o médico considerar adequado, acompanhar suas taxas com exames de sangue ou urina. Se estiverem altas, perda de peso e ajustes na dieta (como maneirar na proteína animal e bebidas alcoólicas) são prescritos – e, havendo gota na área, remédios podem entrar no pacote. São medidas que salvam as juntas hoje… e o coração lá na frente.

Se o ácido úrico vive lá em cima, alguns problemas podem aparecer:

Gota: o acúmulo da substância cristalizada nas juntas leva a inflamação e crises dolorosas.

Pedra nos rins: cristais de ácido úrico se formam e causam cálculos que atormentam as vias urinárias – que dor!

Tofos na pele: são como nódulos formados sob a pele pelo depósito do ácido, em geral em mãos e cotovelos.

Hipertensão: a substância incita a retenção de sódio. Com isso, a pressão arterial chega a subir. 

Doença cardiovascular: entre quem já tem gota, a sobrecarga parece estimular uma inflamação constante, penosa para as artérias.

Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/o-acido-urico-vai-muito-alem-da-gota/


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