Perda crônica do sono reduz a capacidade, mesmo em jovens adultos, de realizar funções metabólicas básicas, como o processamento e armazenagem de carboidratos ou a regulação da secreção hormonal.
De acordo com o estudo, conduzido por Eve Van Cauter, publicado na edição de hoje de The Lancet, reduzir para quatro horas o período de sono a cada noite leva a mudanças na tolerância à glicose e na função endócrina (mudanças que se assemelham aos efeitos da idade avançada ou aos estágios iniciais da diabetes) em menos de uma semana.
A redução do período de sono é uma resposta extremamente comum às pressões da sociedade industrial moderna. A média do período de sono diminuiu de cerca de 9 horas, em 1910, para cerca de 7,5 horas em 1975 e a tendência permanece. Milhares de trabalhadores dormem menos de cinco horas por dia.
Um grupo de 11 homens saudáveis foi acompanhado por 16 noites consecutivas. Nas três primeiras noites, dormiram por oito horas, das 23:00h às 07:00h. Nas seis noites seguintes, dormiram por 4 horas, da 01:00h às 05:00h. Nas sete noites seguintes dormiram por 12 horas, das 09:00h às 21:00h.
Alterações profundas foram encontradas no metabolismo da glicose, assemelhando-se, em algumas situações, à diabetes tipo 2, quando os voluntários eram privados do sono. Os indivíduos levaram 40% a mais que o tempo normal para regular os níveis de açúcar no sangue após uma refeição com altas taxas de carboidratos. Suas habilidades em secretar e em responder a insulina diminuíram em 30%.
A privação do sono altera ainda a produção e atividade de outros hormônios, amortecendo a secreção dos estimuladores da tiróide. Também eleva os níveis sangüíneos de cortisol, especialmente durante a tarde e início da noite.
Todas as anormalidades desaparecem após o período de recuperação de 12 horas de sono. Na realidade, quando os indivíduos dormiram mais de 8 horas, os valores apresentaram-se acima dos normais, sugerindo que mesmo 8 horas de sono não proporcionam descanso suficiente. Jovens adultos "funcionam" melhor após mais de 8 horas de sono.
Apesar de a função primária do sono ser a restauração cerebral, a sua perda traz conseqüências às funções periféricas que, se mantidas cronicamente, podem ser danosas à saúde a longo prazo.
Fonte:
Link: http://emedix.uol.com.br/not/not1999/99out21neu-umcm-los-sono.php