Lançado em 2011 no Brasil como opção terapêutica para o tratamento do diabetes tipo 2, a liraglutida (nome comercial: Victoza) vem demonstrando bons resultados no controle do excesso de peso mesmo em pessoas obesas sem diabetes.
Um estudo europeu multicêntrico com duração de dois anos e publicado em agosto/2011 no International Journal of Obesity avaliou a segurança e eficácia da liraglutida em pacientes obesos sem diabetes. Os resultados mostraram que a medicação, quando associada a dieta e exercícios, foi bem tolerada e promoveu uma perda de peso clinicamente significativa e que se manteve no período avaliado mesmo após a parada da medicação. Notou-se ainda, após os dois anos, uma redução dos fatores de risco para doenças cardiovasculares e metabólicas (ex: diabetes e dislipidemias)
A liraglutida é um análogo do GLP-1, ou seja, imita a ação deste hormônio. O GLP-1 é um hormônio produzido normalmente em nosso organismo pela porção final do intestino delgado e sua secreção é estimulada pela chegada do alimento nesta região. Após ser secretado, o GLP-1 vai até o cérebro promovendo aumento da saciedade o que permite reduzir a quantidade de alimento ingerido. Se houver uma hiperglicemia, como ocorre em pacientes diabéticos, também estimula o pâncreas a secretar insulina. É exatamente por esta ação ?inteligente? de apenas aumentar a secreção de insulina se a glicemia estiver elevada que seu uso vem sendo estudado e aplicado em pacientes obesos sem diabetes, pois não há o risco de pacientes não-diabéticos apresentarem uma hipoglicemia.
Assim, não é um medicamento com ação direta na química cerebral, mas que apenas imita a ação de um hormônio que já é secretado pelo nosso organismo. Isso explica a menor incidência de efeitos colaterais quando comparado com os medicamentos anti-obesidade clássicos que atuam diretamente sobre o cérebro. Tanto nos estudos como no acompanhamento de pacientes tratados, os efeitos colaterais mais observados foram náuseas, vômitos e dor de cabeça geralmente transitórios e que, na maioria dos casos, cessaram com o decorrer do tempo. Por esta razão, tem sido frequente a recomendação de se começar com uma dose menor na primeira semana para facilitar a adaptação.
A aplicação diária da liraglutida proporciona efeitos mais prolongados que o próprio GLP-1 o que melhora a sua ação estimuladora da saciedade mesmo antes do alimento chegar ao final do intestino. Seu perfil de ação permite que a liraglutida seja usada, por exemplo, em pacientes com doenças cardiovasculares ou psiquiátricas que, dependendo da intensidade e nível de controle, podem estar contraindicados ao uso dos usuais moderadores de apetite disponíveis.
Dietas
O medicamento é injetável e aplicação é feita pelo próprio paciente,uma vez ao dia, no subcutâneo. A medicação já vem em uma caneta aplicadora equipada com uma agulha muito fina o que torna a aplicação praticamente indolor.
Apesar dos bons resultados observados na prática clínica com o uso da liraglutida em pacientes obesos, é fundamental destacar que se trata de uma medicação nova e portanto necessita de seleção criteriosa dos pacientes e deve ter acompanhamento clínico e laboratorial frequente. Embora novas medicações sejam geralmente percebidas pela população como produtos milagrosos, deve se ressaltar que nenhum medicamento anti-obesidade atinge seu objetivo se não houver três elementos fundamentais: motivação, compromisso e disposição para mudança do estilo de vida.
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