O endocrinologista Bruno Geloneze, na condição de membro da Federação Internacional do Diabetes (IDF, na sigla em inglês), uma das maiores autoridades mundiais sobre a doença, discorre sobre a recomendação deste órgão da indicação de cirurgia bariátrica na terapia da obesidade aliada ao diabetes tipo 2, durante o XIII Congresso Brasileiro da SBCBM.
?A cirurgia bariátrica pode ser considerada um dos maiores e mais contundentes avanços no tratamento do diabetes desde a descoberta da insulina?, diz o Dr. Geloneze. O manejo clínico dos pacientes diabéticos obesos sempre constituiu um desafio para a endocrinologia, pois o controle glicêmico baseado na redução do peso destes sempre foi difícil pelos hábitos alimentares inadequados dos pacientes, o que redundava em retomada do peso, ele afirma.
Desde os primeiros estudos, há 15 anos, vários trabalhos têm confirmado os benefícios da cirurgia bariátrica, especialmente aos portadores de diabetes mellitus tipo 2. Várias entidades médicas e serviços públicos de saúde mundiais recomendam a cirurgia bariátrica como uma opção para o tratamento de adultos com índice de massa corporal (IMC) maior que 35 kg/m2 e comorbidades com potencial de melhora clínica significativa, destacando-se o diabetes tipo 2 .
Dr. Geloneze lembra que a IDF traz recomendações chaves para a incorporação da diabetologia intervencionista ao arsenal terapêutico dos endocrinologistas, são elas: descrição dos pacientes elegíveis e prioritários para a cirurgia; incorporação da cirurgia bariátrica nos algoritmos de tratamento do diabetes tipo 2; necessidade de realização de cirurgias apenas em centros de excelência com equipes multidisciplinares com experiência no manejo clínico da obesidade e do diabetes; e desenvolvimento de métodos unificados de registro e divulgação de resultados cirúrgicos.
A IDF apresenta recomendações quanto à busca da excelência na geração de novas evidências científicas. O Dr. Geloneze acredita que estamos em uma nova era no tratamento do diabético obeso, com longo caminho a se percorrer . Para ele, cuidar dos pacientes com diabetes sempre foi missão dos clínicos, mas cirurgiões têm tido inegável êxito no tratamento do diabetes mellitus 2 , nos pacientes com obesidade mórbida. ?A aplicação de princípios de conduta ética e científica deverá promover a conciliação dos legítimos interesses de clínicos e de cirurgiões nos cuidados com o paciente com diabetes e obesidade, antes, durante e após a cirurgia. Quem mais lucrará serão os portadores de diabetes?, conclui.
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