Ter alguns quilinhos a mais na balança não é necessariamente de todo mal, pelo contrário: pode acrescentar alguns anos de vida. Em um mundo onde a silhueta magra e livre de gordura é cultuada como sinônimo de saúde, essa informação é de se estranhar – e foi justamente o que aconteceu.
Um estudo recente, publicado no Journal of the Medical American Association (JAMA), sugere que pessoas com discreto aumento de peso (sobrepeso) viveriam mais do que indivíduos com peso normal. Os resultados da meta-análise – levantamento de uma série de trabalhos científicos – mostram que pessoas com sobrepeso tiveram 6% menor risco de mortalidade por todas as causas quando comparados aos demais.
De acordo com o cirurgião Andrey Carlo Sousa da Silva, da clínica Gastro Obeso Center,de São Paulo, “a pesquisa foi um estudo muito infeliz nas suas colocações, pois os riscos aumentam nesses casos”. Segundo ele, “O IMC – correlação entre peso e altura – é um parâmetro, mas não é o único. Além disso, a pesquisa não tem dados concretos, muito menos embasamento cientifico”. Andrey alerta que pessoas com sobrepeso e obesidade grau um tem risco de morte de 20% e esse risco aumenta para 28% quando associado a tabagismo, sedentarismo e doenças cardiovasculares.
Claudia Chang, coordenadora e professora de pós-graduação em endocrinologia do Instituto Superior de Medicina, concorda que o parâmetro baseado no IMC não reflete a qualidade do peso corporal, indicado pelo percentual de gordura e massa magra. “Além disto, outro parâmetro não avaliado foi a circunferência abdominal, que tem correlação direta com gordura visceral. Por exemplo, um indivíduo com sobrepeso pode ter um percentual baixo de gordura com grande quantidade de massa magra (músculo). Na balança ele tem sobrepeso, mas sua composição corporal é excelente”, explicou.
Ela explica que outro problema da pesquisa é considerar mortalidade por todas as causas e não apenas mortalidade por risco cardiovascular, que tem uma relação mais significativa com o excesso de peso. “A mensagem mais importante deste estudo é que, embora a correlação entre peso corporal e mortalidade por todas as causas pareça beneficiar os mais ‘gordinhos’, isto não pode ser traduzido como algo inquestionável. No final das contas, dieta saudável e atividade física ainda são, de longe, a melhor maneira de garantir mais anos de vida”, reforça Claudia.
Fonte: Terra Brasil