Ao menos uma em cada três crianças e adolescentes com autismo está acima do peso ou obeso, segundo levantamento com 3 mil indivíduos. O relatório, publicado na edição de julho/agosto da Academic Pediatrics alerta para a necessidade de programas de dieta e exercícios adaptados a pessoas com autismo.
A falta de sociabilidade é um dos fatores que contribuem para a incidência da obesidade entre crianças e jovens autistas, uma vez que eles tendem a se exercitar menos. Para Sarabeth Broder-Fingert, pediatra no Hospital Geral de Massachusetts para Crianças e que liderou a pesquisa, a questão da obesidade acaba negligenciada nos consultórios médicos, porque outras questões relacionadas exclusivamente ao autismo são abordadas em detrimento do peso.
No estudo, os pesquisadores extraíram os registros médicos de 2.976 crianças e jovens com idades entre 2 e 20 anos que possuíam diagnóstico de autismo ou da síndrome de Asperger. Compararam com os dados de um grupo controle, composto por crianças da mesma altura, peso e faixa etária.
Foram considerados Índice de Massa Corpórea (IMC) acima de 85 como sobrepeso e acima de 95 como obesidade. O estudo constatou que 23% das crianças com autismo e 25% das crianças com síndrome de Asperger eram obesas, em comparação com 16,9% dos controles. Outros 15% das pessoas com autismo e 11% das pessoas com síndrome de Asperger tinham excesso de peso. Em comparação com o grupo controle, as crianças com autismo eram 2,2 vezes mais propensas a desenvolverem excesso de peso e tinham 4,8 vezes mais chances de serem obesas; as crianças com síndrome de Asperger eram 1,5 vezes mais propensas a ter excesso de peso e 5,7 vezes mais chances de serem obesas.
"Nos surpreendeu que as taxas de obesidade foram maiores do que as de excesso de peso", disse Broder-Fingert. "Na população normal, geralmente é o inverso."
Embora haja uma tendência óbvia entre autismo e obesidade, ainda é incerto o que contribui para o link. Diferenças hormonais ou genéticas podem ajudar a explicar a ligação entre autismo e excesso de peso, avaliou Broder-Fingert.
A maior conclusão do estudo, no entanto, é o alerta deixado pelos médicos: prestar atenção ao aspecto da obesidade entre crianças autistas, já que elas podem enfrentar muitos problemas de saúde no futuro, como o desenvolvimento de doenças cardíacas e diabetes tipo 2.
Fonte: http://www.abeso.org.br/