As bactérias que habitam o estômago e o intestino podem ser responsáveis pelo desenvolvimento de diversas doenças, entre elas doenças auto-imunes e até câncer.
Em um rato magro saudável, o microbioma do intestino - a coleção completa de micróbios dentro de seu sistema digestivo - sofre um ciclo diário complexo, de acordo com uma nova pesquisa. Algumas bactérias encontram-se em níveis mais elevados durante a noite, por exemplo, enquanto outros picos ocorrem durante o dia. Essas oscilações, no entanto, desapareceram em ratos obesos, o que poderia ser um fator contribuinte para a doença metabólica.
"Anteriormente, a mensagem era de que existem micróbios benéficos e existem micróbios nocivos", diz o autor sênior do estudo, Satchidananda Panda, professor adjunto no Salks Regulatory Biology Laboratory. "Mas descobrimos que é mais complexo do que isso; micróbios diferentes são necessários em diferentes momentos do dia."
No novo trabalho, publicado esta semana (2 de dezembro), na revista Cell Metabolism, o grupo de Panda comparou os microbiomas de ratos alimentados com comida normal versus aqueles que receberam ração rica em gordura.
O padrão era evidente entre vários espécies de bactérias, incluindo"firmicutes", um tipo de bactéria associada, em outros estudos, à obesidade e síndrome metabólica.
"Nós mostramos que camundongos saudáveis podem, de fato, ter altos níveis "firmicute" durante a noite, quando eles estão comendo, mas isso diminui durante o dia, quando eles estão em jejum", diz Amir Zarrinpar, da Universidade da Califórnia, em San Diego, gastroenterologista que colaborou com o grupo de Panda.
Em ratinhos obesos, os níveis "firmicute" eram, na verdade, altos durante todo o tempo.
Quando os investigadores limitaram o acesso a alimentos nos ratos obesos, de forma que só podiam comer durante a noite alguns tipos de bactérias, começaram a flutuar numa base diária novamente - apesar de não tanto quanto o observado em ratos normais, em dietas com pouca gordura.
"O fato de que podemos restaurar alguns desses padrões com a alimentação e com restrição do horário das refeições, e não apenas o quê ou quanto se come - realmente importa para o microbioma", diz Zarrinpar.