A Síndrome de Comer à Noite foi descrita pela primeira vez em 1955, sendo caracterizada por anorexia matinal (perda do apetite pela manhã), hiperfagia noturna (alimentação em grande quantidade à noite), e insônia, mas até o momento não havia sido alvo de um estudo clínico mais acurado. Existe uma grande relação entre esta síndrome e a ocorrência de obesidade.
Um estudo acerca da Síndrome foi publicado no último número do Journal of the American Medical Association - JAMA, com a finalidade de descrevê-la tendo como base as características comportamentais e os dados neuroendócrinos de pacientes portadores desta condição. Assim, um estudo comportamental foi realizado em 1996 e 1997 na Universidade da Pensilvania, Estados Unidos, e um estudo neuroendócrino foi realizado de maio a agosto de 1997 no Clinical Research Center of the University Hospital, em Tromsö, Noruega.
O estudo comportamental foi feito com 10 pacientes obesos que se enquadravam nos critérios da Síndrome, e 10 pacientes semelhantes que foram o grupo de controle. Durante 1 semana os pacientes foram mantidos em observação em seus domicílios, medindo os horários de ingestão calórica, estado de humor, e alterações do sono. Ao serem comparados com os indivíduos do grupo de controle, as pessoas que comiam à noite faziam duas vezes mais refeições no período de 24 horas do que os do grupo controle, além de ingerirem muito mais calorias no período da noite.
Os pacientes com a Síndrome de comer à noite acordavam em média 3,6 vezes por noite, contra 0,3 do controle; na metade das vezes em que acordavam, os pacientes com a Síndrome ingeriam algum tipo de alimento. Nenhum dos pacientes controle comeu nada durante as vezes em que acordou.
No estudo neuroendócrino, foi feita a medição dos níveis plasmáticos circadianos de melatonina, leptina, e cortisol em 12 pacientes com a Síndrome e em 21 pacientes-controle. Os pacientes foram observados por um período de 24 horas, estando internados em hospital. Os pacientes do grupo com a Síndrome tinham uma diminuição na elevação noturna de melatoninba e leptina e níveis mais elevados de cortisol plasmático circulante, quando comparados com o grupo controle.
Os autores do estudo concluíram que, foram capazes de identificar um padrão coerente de características comportamentais e neuroendócrinas em pacientes portadores da Síndrome de Comer à Noite.