As festas de final de ano estão chegando e, para alguns, a oportunidade de consumo de álcool aumenta. Mas afinal, pessoas que têm diabetes podem ingerir bebidas alcoólicas? Na maioria das vezes a resposta é sim, mas sempre com cuidado. Na prática, o álcool sempre diminui a glicose no sangue por diminuir a produção de glicose pelo fígado. Alguns poderiam pensar que então até seria bom consumi-lo para manter o diabetes controlado, mas isso não é verdade.
A redução da glicose causada pelo álcool não é previsível e geralmente ocorre de forma inesperada, aumentando o risco de hipoglicemia. Além disso, o álcool potencializa alguns medicamentos usados para tratar o diabetes, como as sulfonilureias (glibenclamida, gliclazida, glimepirida) e a insulina, o que também aumenta o risco de hipoglicemia.
A maioria das hipoglicemias causada pelo uso de álcool no diabetes é tardia e ocorre após seis horas do consumo do álcool. Isso explica a ocorrência de hipoglicemia na madrugada após o consumo de bebida alcoólica durante a janta ou na balada. Dificilmente a hipoglicemia acontece logo após o consumo da bebida alcoólica, exceto se não se alimentou de forma suficiente.
Além de ter efeito direto em reduzir a glicose, o consumo de bebidas alcoólicas diminui a percepção dos sintomas de alerta da hipoglicemia e diminui a resposta hormonal que o organismo normalmente tem para se proteger da queda de glicose.
Quantidade recomendada de consumo
O risco de hipoglicemia vai aumentando com a quantidade consumida de álcool. Quanto mais álcool, maior o risco. O limite de ingestão diária recomendado de álcool é de duas porções ao dia para homens e uma porção para mulheres. Uma porção equivale a 360 ml de cerveja (uma lata pequena), 45 ml de destilados ou 150 ml de vinho (uma taça). É claro que depende da tolerância de cada pessoa.
Mesmo a cerveja, que contém carboidratos, causa o mesmo risco de hipoglicemia, pois o carboidrato consumido é rapidamente utilizado e não sustenta a glicose por muito tempo (lembrem que a hipoglicemia relacionada ao álcool é tardia!). Isso também explica o pico de glicose alta nas primeiras horas após o consumo da cerveja ou mesmo do vinho. Mas como as pessoas são diferentes, o efeito do álcool pode variar bastante.
Embora vários estudos sugiram que o consumo de doses baixas de álcool seja benéfico para a saúde do coração, não é recomendável seu consumo com esse intuito. Os riscos e prejuízos do consumo frequente de bebidas alcoólicas pesa mais na balança. E por falar em balança, o álcool só perde em calorias para a gordura e é, portanto bastante calórico. Sempre que consumir uma bebida alcoólica, lembre que está ingerindo algo que sempre facilitará o aumento do seu peso e consuma de forma consciente.
Como prevenir os efeitos do álcool
Primeiro, informe-se sobre os riscos e se decidir consumir, o faça de forma consciente. Segundo, sempre alimente-se! Por último, monitore atentamente a sua glicemia pela ponta de dedo ou pelo sensor pelo menos nas próximas 6 horas após o consumo de bebidas alcoólicas.
Finalmente, para quem tem diabetes, não é recomendável o consumo de álcool se:
1) O diabetes está descompensado
2) Se tem tendência a ter hipoglicemias
3) Se há presença de complicações do diabetes, principalmente a doença renal, cardíaca e a neuropatia
4) Se há doença gordurosa do fígado (esteatose), que é muito comum associada ao diabetes.
Nessas situações, o consumo do álcool aumenta muito a ocorrência de hipoglicemia grave, com perda de consciência, e também pode piorar a evolução das lesões, como na neuropatia e na esteatose. Aproveite as festas de final de ano sem excessos. Afinal, um novo ano, cheio de oportunidades, está prestes a chegar.
Fonte: http://blogdasbemrs.blogspot.com.br/