Os hormônios masculinos, produzidos pelos ovários e adrenais, exercem importantes funções nas pessoas do sexo feminino. Participam do desenvolvimento e manutenção dos músculos e ossos, sendo assim imprescindíveis ao crescimento estatural. Também são eles os responsáveis pelo surgimento e manutenção dos chamados pêlos sexuais: axilares e pubianos .
Exercem ações na sexualidade feminina, sendo importantes na libido e também no orgasmo. Quando o seu déficit ocorre antes da puberdade, os pelos sexuais sequer surgem. Nos casos em que a deficiência aparece depois desses períodos, observa-se apenas uma regressão.
Nas condições em que a quantidade desses hormônios está aumentada, as mulheres experimentam uma série de sinais e sintomas: aumento dos pêlos corporais, irregularidades menstruais, acne, queda de cabelos, aumento da libido.
Nos casos mais graves ocorre, além desses sintomas, a chamada virilização: aumento da musculatura, hipertrofia do clitóris, alteração na tonalidade da voz, calvície. As causas para que isso possa ocorrer são várias. Uma delas é o uso dessas substâncias, visando-se aumentar a massa muscular, ação anabolizante. Utiliza-se, com esta finalidade, a testosterona - principal hormônio masculino - ou substâncias dela derivadas.
O consumo é bastante freqüente desses tipos de medicamentos, sendo motivo de preocupação por parte das autoridades de saúde. O uso em doses elevadas pode ter efeitos colaterais importantes, além dos já descritos, inclusive doenças hepáticas graves.
Acredita-se que cerca de 10% dos atletas profissionais usam ou já usaram esses tipos de medicamentos. A grande maioria dos que assim procedem é do sexo masculino, mas também algumas atletas mulheres o utilizam, visando a melhora dos seus rendimentos esportivos. Isto é mais freqüente nos esportes em que se necessita de mais força e ou resistência muscular. Levantamento de peso, lançamento de dardo ou peso, corrida, natação etc.
Muito recentemente, uma nadadora brasileira foi eliminada, definitivamente do esporte, por ter sido detectada, em sua urina, o uso dessas substâncias, pela segunda vez. A ação dos hormônios masculinos pode ocorrer também por aumento da sua produção por parte dos ovários ou adrenais ou, então, porque existe uma resposta exagerada por parte do organismo a níveis normais dos hormônios.
O aumento de produção é muito mais raro e, quando isso ocorre, o tratamento geralmente é cirúrgico (tumor de ovário ou adrenal) ou com uso permanente de corticóides, nos casos da doença Hiperplasia Adrenal Congênita. Nos casos em que o problema é sensibilidade aumentada, a maioria, os sintomas são mais discretos: aumento de pêlos corporais, acne ou queda de cabelos.
O tratamento é feito através do bloqueio da ligação dos hormônio com os seus receptores ou, então, reduzir para níveis subnormais a produção hormonal. Embora já se disponha de medicamentos capazes de exercer estas as ações, resultados brilhantes só se obtêm quanto ao acne e alguns casos de queda de cabelos.
O melhor tratamento para o aumento de pêlos continua a ser o cosmético (depilação). Um assunto da endocrinologia atual é o uso de hormônios masculinos na menopausa. Com a parada da função ovariana, reduz-se, em cerca de 50%, a produção dos hormônios masculinos. Isso seria responsável pela diminuição da libido e da capacidade de atingir o orgasmo, que algumas mulheres experimentam nessa fase da vida.
O seu emprego deve ser cuidadoso e, sempre, associado ao uso de hormônios femininos para minimizar o surgimento de efeitos indesejáveis. Caso o seu uso seja feito isoladamente, poderá ocorrer aumento da vontade das mulheres fazerem amor. Mas diminuir e, muito, o apetite do parceiro.
Fonte:Sociedade Brasileira de Diabetes
Escrito Por: Dr. Ney Cavalcanti
Link:http://www.diabetes.org.br/colunistas-da-sbd/pontos-de-vista/349